Há mais ou menos 15 dias, precisei de fazer um pagamento e a operação não me foi permitida, facto que achei deveras estranho e que me fez ir à minha conta bancária online. Tive praticamente um ataque cardíaco, chorei, chorei, chorei, disse que não fazia mais nada na minha vida, disse que nunca me tinha acontecido andar a viver acima das minhas possibilidades, sem perceber ao mesmo tempo onde andava a gastar dinheiro, pois se houve talvez uma ou outra época em que não era propriamente a pessoas mais contido no que toca a "desperdiçar" dinheiro, estes não eram com certeza tempos desses... Resumindo e concluindo, fiz um pranto desgraçado e o G. aturou-me em pávido e sereno, sem se pronunciar grandemente, o que me deixava ainda mais irritada!
Efetivamente a minha conta à ordem estava a zeros e eu não conseguia raciocinar que tinha tido um gasto com o carro (pneus e travões) que não estava nos meus planos e não era habitual, para além de que, todos os meses ponho alguma parte do meu ordenado num aplicação financeira, por forma a criar mais algum pé de meia e não, aqui sim, estoirar o meu ordenado em futilidades, que isto já se sabe, há sempre mais alguma coisa onde conseguimos gastar algum dinheirito. Nada! Pensar como deve ser, não me era possível e estive mesmo em risco de cancelar as minhas viagens e vida social, em vender o meus carro, à conta do ataque cardíaco que ia tendo!
Isto tudo para dizer o quê? Não percebo, custa-me realmente a compreender aquelas pessoas que vivem de créditos, de contas-ordenado, que não conseguem fazer uma gestão do seu dinheiro, que vivem acima das suas possibilidades, que no início de cada mês, estão já mais do endividadas, que o dinheiro entra e sai da conta à velocidade da luz, ou porque um dia já cometeram excessos ou porque acham que têm realmente esse dinheiro. Será que elas não se sentem aflitas?! Será que nem 1/10 do que eu senti naquele dia, sentem?! A mim faz-me muita confusão! E eu bem sei que às vezes sou um pouco exagerada e que mais parece que sou uma pobretanas, mas antes assim do que dever dinheiro a quem quer que seja - nisto, acho que os meus Pais fizeram um excelente trabalho, transmitiram-nos bem o valor do dinheiro, o que o custa a ganhar e que viver acima das possibilidades, não é forma de vida e uma coisa é verdade, não é que sejamos propriamente o exemplo de uma família que precise de andar a contar o dinheiro ao final do mês.
Por acaso, se há coisa que me faz confusão (agora falando de mim e do G.) é o facto de termos sempre muito cuidado antes de gastarmos dinheiro, pensamos mil vezes antes de comprar algo mais caro ou cometermos alguma estravagância e lá está, não somos propriamente pessoas com um rendimento mensal baixo, ao passo de que, olho constantemente à minha volta (que andar todos os dias de metro, por exemplo, dá para isto) e vejo I-pads, I-phones e carteiras para lá de caras por todo o lado, pessoas cheias de sacos na mão em centros comerciais, etc., etc. e eu pergunto-me, onde é que está a crise?! Eu bem sei que não se deve julgar as pessoas pela aparência, mas também não sejamos hipócritas e muitas vezes parece que não têm onde cair mortas, mas estão lá todos os gadgets de última gama ou então, lá está, é uma questão de prioridades: antes fazer menos uma refeição por dia, mas estar lá tudo o que é tecnologia de ponta ou outra coisa qualquer.
Nisto tenho muito orgulho em quem sou, na educação que os meus Pais me deram, por me ter casado com uma pessoa que partilha dos mesmos "ideais" que eu e por me ter dado um piripaque quando vi a minha conta à ordem a zero!
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